Já
parou pra perceber? Os relacionamentos em geral, estão sendo tratados como
mercadorias. Se existe algum defeito, podem ser trocadas por outras, mas não há
garantia de que gostem do novo produto ou que possam receber seu dinheiro de
volta.
Hoje em dia automóveis, computadores ou
telefones celulares em bom estado e em bom funcionamento estão sendo tratados
como um monte de lixo a partir do momento em que aparecem versões mais
atualizadas. E assim acontece com os relacionamentos, não gostou, pode trocar
assim ninguém sofre. Também existem os relacionamentos de bolso, do tipo que se
pode usar e dispor quando for necessário e depois tornar a guardar para ser
utilizado numa outra ocasião.
A
sociedade atual está criando uma nova ética de relacionamento onde estes se
encontram mais fragilizados e desumanos. A confiança está cada vez mais próxima
de terminar definitivamente. A definição romântica do amor está fora de moda e
foi rebaixado a diversos conjuntos de experiências vividas pelas pessoas, nas
quais referem-se utilizando-a. Noites
avulsas de sexo são chamadas de “fazer amor” e esta cada vez mais fácil de
dizer “eu te amo”, pois não existe mais a responsabilidade de estar mesmo
amando, a palavra amor foi rotulada de uma forma, em que as pessoas nem sabem
direito o que sentem, não conseguem definir uma diferença entre amor e paixão,
por exemplo, e mesmo assim utilizam, pois seu real significado perdeu a
importância.
Realmente,
nessa fuga da realidade com todas as suas formas de dores física, mental ou
emocional, foi forjado um modelo social pautado em relacionamentos vazios.
Amparados por terapias, remédios, livros de auto-ajuda (50 tons de cinza,
também pode ser considerado auto-ajuda sexual) estão todos vitimados nesse
acovardamento que impede o surgimento de relacionamentos duradouros, de valor.
Os humanos têm medo de sofrer e pensam que não mantendo uma relação estável e
duradoura, poderão não sofrer ou diminuir a dor, trocando de parceiros, amigos,
namorados, noivos, amantes, etc. porem o sofrimento e a solidão são
considerados dois grandes violões da sociedade atual.
É
fácil observar pessoas aprendendo a não se apegarem a nada, para não se
sentirem sozinhos. A nossa sociedade moderna, não pensa mais na qualidade, mas
sim na quantidade, quanto mais relacionamentos eu tiver, melhor, quanto mais
dinheiro tiver, melhor. O consumismo é muito grande e as pessoas compram não
por desejo ou necessidade, mas por impulso e isso ocorre também nas relações
humanas.
Hoje,
tudo implora praticidade e facilidade. Estão tentando fazer isso com o Amor,
tendo em vista que sentir incerteza, ansiedade, insegurança, medo, ou o coração
bater mais forte em função de uma paixão, é difícil, penoso, doloroso no risco
de não ser reconhecido.
O
que vivemos é matrix. As pessoas estão fugindo da realidade e se refugiando em
um berço de ilusão. No momento em que o outro não lhe dá a segurança que tanto
precisa, logo o mesmo é esquecido e substituído.
Ter
a consciência desse estado “líquido” é um dos sentimentos mais nobres da humanidade
é algo valioso que pode gerar menos lamentações, stress, imaturidade perante o
fracasso nas relações.
“A
árdua tarefa de compor uma vida não pode ser reduzida a adicionar episódios
agradáveis. A vida é maior que a soma de seus momentos.”
O Amor exige esforço,
empenho e dedicação, amor é verbo, é ação. Estão tentando fazer da felicidade
um enlatado para ser comprada em supermercado.