Que tal uma visão cientifica sobre o pressentimento, você vê um amigo de longe e, em questão de pouquíssimos segundos,
tem o “pressentimento” de que há algo errado. Quando os dois se sentam para
conversar, ele conta que realmente está passando por problemas sérios. Como
você sabia? O neurocientista David Eagleman, que dirige o Laboratório de
Percepção e Ação do Baylor College of Medicine no Texas, traz uma explicação no
livro “Incógnito – As Vidas Secretas do Cérebro”. Para entender, imagine outra
situação: você e outras pessoas estão diante de uma mesa com quatro baralhos.
Cada um precisa escolher uma carta a cada rodada – e o que aparecer nela pode
significar perdas ou ganhos em dinheiro. Mas há um detalhe: dois desses
baralhos têm mais cartas boas (ou seja, fazem você ganhar dinheiro) e dois têm
mais cartas ruins. Quem escolhe o baralho é o próprio participante que está
tirando a carta.
Em todas as rodadas, enquanto toma a decisão, cada pessoa é
interrogada sobre quais baralhos acredita serem bons ou ruins. Quanto tempo
você acha que levaria para descobrir isso? Um neurocientista chamado Antoine
Bechara e alguns colegas fizeram um experimento exatamente assim em 1997 e
descobriram que os participantes precisavam tirar, em
média, 25 cartas para
sacar quais baralhos eram bons ou ruins.
Mas havia um detalhe: eles também mediram, durante toda a tarefa,
as reações elétricas da pele de cada participante – que
seriam um reflexo da atividade do sistema
nervoso autônomo, responsável pela reação de luta ou fuga, por
exemplo. Assim, quando a pessoa se sentisseameaçada, isso seria indicado por
esse medidor. E foi isso que permitiu uma descoberta espantosa: o sistema
nervoso autônomo conseguia
decifrar a estatística dos baralhos bem antes
que a consciência dos
participantes: por volta da13ª
carta.
A essa altura, cada vez que
um deles estendia a mão para pegar a carta de um baralho ruim, havia um pico de
atividade elétrica em sua pele – em outras palavras, uma
parte do seu cérebro lhes
enviava um sinal de alerta, como que dizendo “Cuidado, cara! Esse baralho vai
te fazer perder dinheiro!”.Mas acontece que a mente consciente dessas pessoas
ainda não era capaz de captar a mensagem claramente. Isso se manifestou, então,
na forma de um “pressentimento”: elas começavam a escolher os
baralhos bons antes mesmo de poderem explicar o porquê.
Esse pressentimento é necessário para fazermos boas
escolhas. O experimento foi repetido com voluntários que tinham danos
na área do cérebro responsável pela tomada de decisões – o córtex pré-frontal ventromedial.
Descobriu-se que essas pessoas não eram capazes de formar
aquele sinal elétrico de alerta na pele. Ou seja, seu cérebro não
conseguia compreender as estatísticas tão rápido e, assim, não os advertia.
Mas, mesmo quando sua mente consciente
finalmente compreendeu quais
eram os baralhos bons e ruins, eles continuaram a escolher as
cartas dos montes errados. Se a sua consciência sabia o que
fazer, mas mesmo assim eles não o faziam, isso indicaria que a atividade
“escondida” do cérebro (que se manifesta nesse caso na forma do que chamamos de
“pressentimentos”), é essencial para a tomada de decisões vantajosas.graças a
esses “pressentimentos”, podemos tomar decisões vantajosas mesmo sem estarmos
conscientes da situação.
Quer
tomar a decisão certa? Jogue uma moeda
Se
a nossa mente consciente sabe tão pouco do mundo em comparação com o que está
inconsciente, como podemos acessar as informações que não chegam até ela e
tomar boas decisões?
O neurocientista David Eagleman dá a dica: pegue uma moeda,
determine qual face equivale a qual decisão e vá no cara
ou coroa. Não, não é que você vai decidir assim, pelo acaso. O
truque é avaliar sua sensação depois que a moeda
cair. Caso se sinta levemente aliviado com o resultado, essa é
a decisão correta para você. Se, em vez disso, se irritar e achar isso
ridículo, talvez devesse escolher a outra opção.