terça-feira, 5 de novembro de 2013

Lembra-ti do agora ....




De uma olha em sua consciência e sondai-a. Vera que está vazia, só encontra nela o futuro. Nem sequer falo dos seus projetos e expectativas: mas o próprio gesto que surpreende de passagem a qual só tem sentido para mais tarde, ou seja sua realização final para fora dele, fora de você, no ainda-não. Mesmo esta taça cujo fundo não se vê - que se poderia ver, que está no fim de um movimento que ainda não se fez -, esta folha branca cujo reverso está escondido (mas poderia virar-se a folha) e todos os objetos estáveis e sólidos que nos rodeiam ostentam as suas qualidades mais imediatas, mais densas, no futuro. 
O homem não é de modo nenhum a soma do que tem, mas a totalidade do que não tem ainda, do que poderia ter. E, se nos banhamos assim no futuro, não ficará atenuada a brutalidade existente do presente? O acontecimento não nos assalta como um ladrão, visto que é, por natureza, um Tendo-sido-Futuro. E, para explicar o próprio passado, não será a primeira tarefa do historiador procurar o futuro?